Uma ótima definição para um texto bom é aquele que te arranca o coração à unha de repente, para te mostrar uma grande verdade.
Eu suspeito que esse texto vai arrancar umas vísceras por aí.
Como vegana, acho importante conversar sobre essas coisas fora do momento das refeições - que é geralmente quando as pessoas querem abordar o assunto - para que se tire as amarras do ato e possa se conversar com mais profundidade e menos afetação. Amo quando não-vegetarianos olham pro tema com o carinho que você está olhando; talvez mais pessoas pensem nisso com generosidade.
Eu sinto que ela trabalha a questão do sacrifício na vida de uma mulher que para súbitamente de comer carne, e que no fim, deseja se tornar uma árvore. É uma viagem onírica, um thriller, não sei dizer. É uma leitura bastante indigesta, mas recomendaria muito. Lembrei dela depois de te ler aqui.
Oi, Vanessa! Eu li já faz uns anos! Fiquei muito impactada. Não tinha pensando nisso, mas acho que conversaria com o texto mesmo. A minha cópia eu emprestei pra alguém que nunca me devolveu, deve ter ficado traumatizado pelo livro hahahaha bjos
Gostei muito desse texto. Fiquei muito pensativa sobre a diferença que se estabelece em algumas culturas entre morte e sacrifício, que seria algo como "morrer com propósito". Nas culturas pré-colombianas da América Espanhola, onde se faziam também sacrifícios humanos, acreditava-se que as pessoas sacrificadas iam para um pós-vida melhor que os outros, um outro nível de submundo. Nas religiões de matriz africana, também se leva em consideração a questão animal - depois de usá-lo no ritual, faz parte da ética que aquele animal seja consumido pela comunidade, que agradece a ele a generosidade de ter morrido naquele contexto e ainda ter alimentado os presentes.
Hoje, a industrialização nos alienou desse processo, de enxergar a vida ali - e, portanto, se não há vida, não há morte - e de poder estabelecer outras conexões com aquele alimento. Muito obrigada por esse texto.
Patricia, agora que reparei que postei a minha resposta ao seu comentário no lugar errado! Vou copiar aqui o que eu tinha escrito:
“Pois é, também fiquei muito pensativa sobre como o processo de criação industrial faz exatamente o que vc colocou muito bem - nos aliena do processo. E o que você falou resume muito bem: onde não enxergamos vida, não vemos morte. Obrigada pelo comentário!”
A pintura que você colocou no final fechou com chave de ouro.
Sou mestranda em antropologia e estou estudando frigoríficos e seu texto me recordou algumas coisas que li para a dissertação.
Tem alguns trabalho bem interessante da Míriam Stefanuto (não me lembro o nome, mas jogando o nome dela no Google, aparece) em que a pesquisadora fala sobre como o abate dentro do frigorífico reverbera na percepção que as pessoas tem sobre a alimentação. Além disso, ela demonstra como o abate em grandes indústrias também é, de certa forma, o abate das pessoas.
Também não estou vegetariana, embora eu tenha sido durante alguns anos. Hoje eu vejo essa questão com outros olhos. Penso que a maneira como nós - moradores da cidade que compramos carne em bandejas no mercado - comemos carne seja o grande problema, a forma como exploramos os animais.
Me lembrei também do De Gados e Homens, da Ana Paula Maia. É um livro de literatura fantástica que de certa forma, tem um gancho com seu texto.
Uma ótima definição para um texto bom é aquele que te arranca o coração à unha de repente, para te mostrar uma grande verdade.
Eu suspeito que esse texto vai arrancar umas vísceras por aí.
Como vegana, acho importante conversar sobre essas coisas fora do momento das refeições - que é geralmente quando as pessoas querem abordar o assunto - para que se tire as amarras do ato e possa se conversar com mais profundidade e menos afetação. Amo quando não-vegetarianos olham pro tema com o carinho que você está olhando; talvez mais pessoas pensem nisso com generosidade.
Ariela, você já leu 'A Vegetariana' de Han Kang?
Eu sinto que ela trabalha a questão do sacrifício na vida de uma mulher que para súbitamente de comer carne, e que no fim, deseja se tornar uma árvore. É uma viagem onírica, um thriller, não sei dizer. É uma leitura bastante indigesta, mas recomendaria muito. Lembrei dela depois de te ler aqui.
Oi, Vanessa! Eu li já faz uns anos! Fiquei muito impactada. Não tinha pensando nisso, mas acho que conversaria com o texto mesmo. A minha cópia eu emprestei pra alguém que nunca me devolveu, deve ter ficado traumatizado pelo livro hahahaha bjos
Gostei muito desse texto. Fiquei muito pensativa sobre a diferença que se estabelece em algumas culturas entre morte e sacrifício, que seria algo como "morrer com propósito". Nas culturas pré-colombianas da América Espanhola, onde se faziam também sacrifícios humanos, acreditava-se que as pessoas sacrificadas iam para um pós-vida melhor que os outros, um outro nível de submundo. Nas religiões de matriz africana, também se leva em consideração a questão animal - depois de usá-lo no ritual, faz parte da ética que aquele animal seja consumido pela comunidade, que agradece a ele a generosidade de ter morrido naquele contexto e ainda ter alimentado os presentes.
Hoje, a industrialização nos alienou desse processo, de enxergar a vida ali - e, portanto, se não há vida, não há morte - e de poder estabelecer outras conexões com aquele alimento. Muito obrigada por esse texto.
Patricia, agora que reparei que postei a minha resposta ao seu comentário no lugar errado! Vou copiar aqui o que eu tinha escrito:
“Pois é, também fiquei muito pensativa sobre como o processo de criação industrial faz exatamente o que vc colocou muito bem - nos aliena do processo. E o que você falou resume muito bem: onde não enxergamos vida, não vemos morte. Obrigada pelo comentário!”
Ótima reflexão a respeito do tema ... vamos pensar e refletir a respeito
É o primeiro texto seu que leio e eu tô impactada. Genial. Obrigada por compartilhar seus pensamentos. ❤️
Que bom que gostou!!! Seja bem-vinda por aqui 🥰
Oi Ariela, tudo bem?
Adorei seu texto!
A pintura que você colocou no final fechou com chave de ouro.
Sou mestranda em antropologia e estou estudando frigoríficos e seu texto me recordou algumas coisas que li para a dissertação.
Tem alguns trabalho bem interessante da Míriam Stefanuto (não me lembro o nome, mas jogando o nome dela no Google, aparece) em que a pesquisadora fala sobre como o abate dentro do frigorífico reverbera na percepção que as pessoas tem sobre a alimentação. Além disso, ela demonstra como o abate em grandes indústrias também é, de certa forma, o abate das pessoas.
Também não estou vegetariana, embora eu tenha sido durante alguns anos. Hoje eu vejo essa questão com outros olhos. Penso que a maneira como nós - moradores da cidade que compramos carne em bandejas no mercado - comemos carne seja o grande problema, a forma como exploramos os animais.
Me lembrei também do De Gados e Homens, da Ana Paula Maia. É um livro de literatura fantástica que de certa forma, tem um gancho com seu texto.
Enfim, sempre bom te ler.
Obrigada!
Esse texto foi bom pra eu lembrar de perseverar na direção do veganismo. Quem sabe um dia consigo <3