Me lembrou uma entrevista que li de Nelson Rodrigues:
“Certa vez, um erudito resolveu fazer ironia comigo. Perguntou-me: ‘O que é que você leu?’. Respondi: ‘Dostoiévski’. Ele queria me atirar na cara os seus quarenta mil volumes. Insistiu: ‘Que mais?’. E eu: ‘Dostoiévski’. Teimou: ‘Só?’. Repeti: ‘Dostoiévski’. O sujeito, aturdido pelos seus quarenta mil volumes, não entendeu nada. Mas eis o que eu queria dizer: pode-se viver para um único livro de Dostoiévski. Ou uma única peça de Shakespeare. Ou um único poema não sei de quem. O mesmo livro é um na véspera e outro no dia seguinte. Pode haver um tédio na primeira leitura. Nada, porém, mais denso, mais fascinante, mais novo, mais abismal do que a releitura”.
Nossa, exatamente a pegada do texto! Obrigada por compartilhar! É interessante como vários autores geniais não eram em absoluto eruditos - talvez eles fossem mais leitores obsessivos, cuidados, de um número limitado de coisas. Há pessoas que especulam que Clarice Lispector fazia pose de ter lido menos do que tinha de fato, mas ela tb parece ser um grande exemplo de escritora brasileira que construiu a própria obra em cima de reflexões profundas sobre uma quantidade menor de livros
Nossa, que pancada esse texto. Eu me aflijo por querer ler sempre mais e mais - e o seu texto me fez lembrar que a leitura, assim como a escrita, não funcionam no ritmo do algoritmo. Obrigada por compartilhar, me fez bem demais ler isso!
Que bom que gostou!!! Mas, por favor, não sinta como pancada! Hahaha
Acho que o ponto é sermos carinhosas com nós mesmas e com nosso tempo de maturação. E também com o fato de que nossos projetos pessoais, ou as coisas que fazemos pra alimentar a alma, não precisam seguir cronograma. Bjos!
Eu adorei a reflexão. Eu ando como a Carolina Sandler, querendo sempre ler mais e mais. No meu caso, eu me sinto numa competição. E seu texto me fez querer voltar à várias leituras pq me dei conta de que não o digeri apropriadamente. 😘
Que bom que gostou! Também já estive na fase do “mais é mais”… A gente só entra nessas dietas de conteúdo porque andou se esbaldando demais né? Obrigada pela leitura!
Ariela, eu geralmente leio sua news na segunda-feira, sabe?! é uma das primeiras coisas que faço depois de chegar no trabalho, encher as garrafas d'água, ligar o computador e logar no e-mail. me gera uma espécie de segurança saber que suas palavras estão esperando por mim.
a série bíblica acaba dando o tom dos meus pensamentos durante a semana, suas palavras reverberam muito na minha rotina, muito mesmo. mas essas cartinhas fora do projeto bíblico, elas muitas vezes dão o tom do mês, me inundam e atravessam todo um ciclo de pensamento e de vivência. hoje, relendo pela terceira vez suas palavras, preciso dizer: obrigada, de verdade! essa é uma das newsletters que mais têm me tocado nos últimos tempos
Nossa, não tenho nem como te agradecer por essas palavras. Quando comecei a newsletter, nunca tinha publicado nada na vida e não sabia se estaria gritando para o escuro, falando sozinha. Me dá uma alegria enorme saber que as minhas palavras encontram pessoas como vc. Mesmo separadas por uma tela, de certa forma a gente construiu uma conversa <3
De uns tempos pra cá tenho pensado muito sobre isso. Antes das redes e da velocidade da oferta de informação aumentar tanto eu lia muito menos, mas a impressão que fica é que lia bem melhor. Excelente reflexão!
Pois é, né? O livro também é um produto, então é uma das coisas que tentam nos empurrar o tempo todo para comprar, consumir. Mas ler mais não é necessariamente melhor…
Tava me perdendo nessa piração de ler mto, sem parar, para acumular números tb - parei. Hoje só faço leituras lentas, degustativas.Mas nunca conseguiria ler um livro só ao longo da vida - nem a bíblia é um livro só... Hoje almejo conviver bem com algumas obras para chegar ao fim da vida com uma dúzia ou pouco mais de boas historias.
Eu também tive uma época que estava criando uma certa ansiedade com a leitura, como se fosse parte de uma lista de tarefas… o que não tem nada a ver com fruir uma coisa bacana.
Um livro só concordo que é exagero :) mas mirar em ler menos e melhor - na verdade, fazer várias coisas menos e melhor - tenho achado que é uma alternativa cada vez melhor. Até pq, nessa voracidade aquisitiva, a gente também acaba deixando pra trás o nosso instinto criativo…
Que bom!!! Imagino que algumas coisas estejam na sua mente mesmo, agora como estudante de literatura… imagino que o mestrado tenha mudado sua relação com a leitura e a literatura em geral. Adoraria ler sobre isso na sua newsletter! Um beijo
um ÓTIMO tema! muita coisa mudou e, diferentemente da ideia que possam ter de uma estudante de letras, minha vontade este ano é ler menos e com mais intenção. como você, ando chocada com a numerália de quem produz conteúdo sobre livros. vi uma pessoa que leu mais de 50 livros neste ano. sério, como isso pode ser considerado um hábito saudável?
É a segunda vez que eu leio esse texto. Voltei a ele por causa da newsletter de ontem da Júlia G. Impressionante como agora tudo faz mais sentido. Sempre me vi no dilema entre ler muitos livros, e assim conhecer várias formas de narrativa, ou ler alguns poucos, mas de forma aprofundada, com várias releituras. Definitivamente, não acho saudável o ritmo de consumo nas mídias sociais, mas também acho que nem sempre precisamos nos aprofundar nas coisas. Nem sempre precisamos explorar todas as camadas de um livro e não parece haver grandes problemas nisso. Além disso, me pergunto se é mesmo possível que um único livro contenha tudo o que precisamos saber sobre o mundo, uma espécie de portal para uma biblioteca infinita. No momento, o texto fez muito sentido pra mim porque eu ando querendo mergulhar nas coisas, me demorar um pouco mais na degustação.
Me lembrou uma entrevista que li de Nelson Rodrigues:
“Certa vez, um erudito resolveu fazer ironia comigo. Perguntou-me: ‘O que é que você leu?’. Respondi: ‘Dostoiévski’. Ele queria me atirar na cara os seus quarenta mil volumes. Insistiu: ‘Que mais?’. E eu: ‘Dostoiévski’. Teimou: ‘Só?’. Repeti: ‘Dostoiévski’. O sujeito, aturdido pelos seus quarenta mil volumes, não entendeu nada. Mas eis o que eu queria dizer: pode-se viver para um único livro de Dostoiévski. Ou uma única peça de Shakespeare. Ou um único poema não sei de quem. O mesmo livro é um na véspera e outro no dia seguinte. Pode haver um tédio na primeira leitura. Nada, porém, mais denso, mais fascinante, mais novo, mais abismal do que a releitura”.
Nossa, exatamente a pegada do texto! Obrigada por compartilhar! É interessante como vários autores geniais não eram em absoluto eruditos - talvez eles fossem mais leitores obsessivos, cuidados, de um número limitado de coisas. Há pessoas que especulam que Clarice Lispector fazia pose de ter lido menos do que tinha de fato, mas ela tb parece ser um grande exemplo de escritora brasileira que construiu a própria obra em cima de reflexões profundas sobre uma quantidade menor de livros
Nossa, que pancada esse texto. Eu me aflijo por querer ler sempre mais e mais - e o seu texto me fez lembrar que a leitura, assim como a escrita, não funcionam no ritmo do algoritmo. Obrigada por compartilhar, me fez bem demais ler isso!
Que bom que gostou!!! Mas, por favor, não sinta como pancada! Hahaha
Acho que o ponto é sermos carinhosas com nós mesmas e com nosso tempo de maturação. E também com o fato de que nossos projetos pessoais, ou as coisas que fazemos pra alimentar a alma, não precisam seguir cronograma. Bjos!
Você tem toda razão. Obrigada!
Eu adorei a reflexão. Eu ando como a Carolina Sandler, querendo sempre ler mais e mais. No meu caso, eu me sinto numa competição. E seu texto me fez querer voltar à várias leituras pq me dei conta de que não o digeri apropriadamente. 😘
Que bom que gostou! Também já estive na fase do “mais é mais”… A gente só entra nessas dietas de conteúdo porque andou se esbaldando demais né? Obrigada pela leitura!
Ariela, eu geralmente leio sua news na segunda-feira, sabe?! é uma das primeiras coisas que faço depois de chegar no trabalho, encher as garrafas d'água, ligar o computador e logar no e-mail. me gera uma espécie de segurança saber que suas palavras estão esperando por mim.
a série bíblica acaba dando o tom dos meus pensamentos durante a semana, suas palavras reverberam muito na minha rotina, muito mesmo. mas essas cartinhas fora do projeto bíblico, elas muitas vezes dão o tom do mês, me inundam e atravessam todo um ciclo de pensamento e de vivência. hoje, relendo pela terceira vez suas palavras, preciso dizer: obrigada, de verdade! essa é uma das newsletters que mais têm me tocado nos últimos tempos
Nossa, não tenho nem como te agradecer por essas palavras. Quando comecei a newsletter, nunca tinha publicado nada na vida e não sabia se estaria gritando para o escuro, falando sozinha. Me dá uma alegria enorme saber que as minhas palavras encontram pessoas como vc. Mesmo separadas por uma tela, de certa forma a gente construiu uma conversa <3
De uns tempos pra cá tenho pensado muito sobre isso. Antes das redes e da velocidade da oferta de informação aumentar tanto eu lia muito menos, mas a impressão que fica é que lia bem melhor. Excelente reflexão!
Pois é, né? O livro também é um produto, então é uma das coisas que tentam nos empurrar o tempo todo para comprar, consumir. Mas ler mais não é necessariamente melhor…
Tava me perdendo nessa piração de ler mto, sem parar, para acumular números tb - parei. Hoje só faço leituras lentas, degustativas.Mas nunca conseguiria ler um livro só ao longo da vida - nem a bíblia é um livro só... Hoje almejo conviver bem com algumas obras para chegar ao fim da vida com uma dúzia ou pouco mais de boas historias.
Eu também tive uma época que estava criando uma certa ansiedade com a leitura, como se fosse parte de uma lista de tarefas… o que não tem nada a ver com fruir uma coisa bacana.
Um livro só concordo que é exagero :) mas mirar em ler menos e melhor - na verdade, fazer várias coisas menos e melhor - tenho achado que é uma alternativa cada vez melhor. Até pq, nessa voracidade aquisitiva, a gente também acaba deixando pra trás o nosso instinto criativo…
Uau! Esta edição me fez pensar tanta coisa 🖤
Que bom!!! Imagino que algumas coisas estejam na sua mente mesmo, agora como estudante de literatura… imagino que o mestrado tenha mudado sua relação com a leitura e a literatura em geral. Adoraria ler sobre isso na sua newsletter! Um beijo
um ÓTIMO tema! muita coisa mudou e, diferentemente da ideia que possam ter de uma estudante de letras, minha vontade este ano é ler menos e com mais intenção. como você, ando chocada com a numerália de quem produz conteúdo sobre livros. vi uma pessoa que leu mais de 50 livros neste ano. sério, como isso pode ser considerado um hábito saudável?
É a segunda vez que eu leio esse texto. Voltei a ele por causa da newsletter de ontem da Júlia G. Impressionante como agora tudo faz mais sentido. Sempre me vi no dilema entre ler muitos livros, e assim conhecer várias formas de narrativa, ou ler alguns poucos, mas de forma aprofundada, com várias releituras. Definitivamente, não acho saudável o ritmo de consumo nas mídias sociais, mas também acho que nem sempre precisamos nos aprofundar nas coisas. Nem sempre precisamos explorar todas as camadas de um livro e não parece haver grandes problemas nisso. Além disso, me pergunto se é mesmo possível que um único livro contenha tudo o que precisamos saber sobre o mundo, uma espécie de portal para uma biblioteca infinita. No momento, o texto fez muito sentido pra mim porque eu ando querendo mergulhar nas coisas, me demorar um pouco mais na degustação.
Amei, obrigado.