Eu fiz uma relação meio torta enquanto ia lendo, mas não pude evitar, entre o ensaio pessoal e um bom texto de standup, tipo do Seinfeld, ou do Rick Gervais, quando se discorre sobre um tema específico (numa piada mais alongada ou num especial). Grande texto de novo!
como uma pessoa que também teve uma vida escolar com méritos pela escrita, mas acabou fazendo carreira na área de exatas exatamente por uma questão de classe (não podia me dar ao luxo de estudar Letras ou Jornalismo e esperar longos anos até conseguir me bancar em profissões nessas áreas, fazer o networking necessário etc) eu te entendo. mas você percebe que chega uma hora em que o diletantismo te abandona? quando começa uma busca pela forma e o estudo vai se alargando e aprofundando, há um desejo de validação que excede o que a persona diletante pode bancar só com sua flanação e amadorismo. acho legal esse salto, observo isso rolando com pessoas ao redor e comigo mesma - não é à toa que fui para faculdade de novo, aos 31, para fazer o que não tive condições de fazer antes (lembrei da nossa colega Paula Maria agora rs)... no fim, quando a gente não tem educação formal na área que estamos dispostas a nos debruçar, a rede de contatos que vamos formando é a porta de entrada para o que queremos (acho que no seu caso é publicar um livro de ensaios, não? acho que vc já tá correndo atrás 😊).
vamos trilhando os caminhos em busca da forma e do conteúdo ❤️
Sabe que nesse processo eu até parei de mirar em coisas que não são o que na verdade já estou fazendo? Por exemplo, o livro que você mencionou. Publicar um livro é um marco pra todo mundo que escreve. Mas será que precisa ser esse o caminho pra todos? Com o ciclo bíblico, se eu quiser juntar tudo, no final vou ter um livro. Então eu tenho mirado em escrever o melhor ensaio que eu posso hoje, e o objetivo é sempre fazer (apenas?) um bom ensaio. Se depois der pra juntar tudo e publicar em livro, bacana. Se não der, os textos não deixam de existir e de terem sido lidos por mais gente do que eu poderia esperar quando lancei a newsletter. No mercado editorial brasileiro, no qual o livro de um autor estreante vende com sorte mil exemplares, já é uma honra e um incentivo enorme ser lida por milhares de pessoas aqui. Beijos!
Obrigada, Suellen!!! Sabe que te sigo no Goodreads faz um tempo e não tinha ligado os pontos que era você, a mesma pessoa da newsletter? Percebi esses dias!
Meniiina, te achei por lá! Nem imaginava! O Goodreads é a rede caótica que eu amo: dá pra seguir sem ser amigo, você vê a atividade de todo mundo ao mesmo tempo, uma loucura hahaha. ❤️
Eu sou culpada de obcecar um pouco com argumentos de autoridade, e no início punha culpa disso no meu trabalho. Hoje eu entendo que existe o hábito, mas maior mesmo era o medo de me expor no meio da argumentação. O formato ensaio parece mesmo que junta o pessoal e o intelectual, e isso é uma delicia! os seus entao nem se fala 💜
É difícil lidar com a exposição, né? A gente se expõe o todo tempo nas redes sociais, por exemplo, mas a exposição em texto de alguma forma é ainda mais aberta. Mas ajuda a pensar que a gente só precisa mostrar o que é importante pra ideia.
Nossa Ariela, como vc escreve bem!! Adorei o tema (e se eu for pensar em autoridade pra escrever sobre as coisas que leio/assisto/aprecio/ouço, a minha newsletter morre, porque autoridade eu não tenho sobre quase nada)
Devo confessar que senti uma identificação imensa quando você descreveu resumidamente sua escolha por economia como graduação: no ensino fundamental e médio, recebi mais elogios nas minhas redações; mas, por eliminação, deixei de lado as Humanidades e escolhi... TI. E por muitos anos também ignorei as sedes físicas e virtuais das Humanindades, mas aí a semelhança termina, pois logo depois fiz uma segunda graduação, em Jornalismo, e agora estou aqui, trabalhando com comunicação e tentando emplacar minha própria newsletter e buscando me obrigar a fazer mais vezes a pergunta: é assim que se faz?
No mais, admiro bastante a sua busca pelo ensaio como uma forma de construção de uma voz literária e pessoal. Meus interesses ultimamente convergem com escritores que você mencionou: Didion, DFW, Ginzburg; mas também W. G. Sebald e escritores que se jogam de cabeça na ficção (afinal, não é pra menos que neste momento estou em meio às quase 1100 páginas de Contra o Dia, do Thomas Pynchon).
No final do ano passado eu fiz um curso que a Camila von Holdefer, crítica litéraria da Folha, ministrou sobre os encontros entre ficção e ensaio, e sigo pensando bastante no que ela falou, mesmo que ainda esteja devendo ler as obras comentadas.
Que legal que você foi pro Jornalismo depois! Toda vez que eu pensei em sair do que eu faço, eu avancei uma casa, então fico numa dinâmica de crise-e-avanço que, de uma mentira estranha, tem funcionado. Então moldei a escrita ao espaço que tenho, também uma vida híbrida.
Estou com W. G. Se bald no meu radar! E vou dar uma pesquisada na Camila von Holdefer. Obrigada pelas dicas!!
Que ensaio! Eu sinto tão parecido aqui. A disciplina do mestrado que estou cursando tem como título “The art of the personal essay & memoir”. Estamos lendo uma antologia divina - com o mesmo título, organizada por Philipe Lopate. Da uma olhada - seguimos sem autores brasileiros, mas é uma educação em forma de livro ❤️
A Gaía Passarelli me recomendou o mesmo livro ontem! Vou comprar na certa! E ainda vi que o mesmo autor tem um outro livro sobre a técnica do ensaio pessoal. É arriscado ver essas coisas porque também descobri que ele é professor de não-ficção em Columbia. Já da uma coceira pra fazer uma dívida estudantil!
Hahahha eu imagino!!!! Vou atrás desse livro, tb fiquei curiosa. Na abertura da antologia, ele traz um belo ensaio sobre as características do ensaio pessoal, vc vai gostar!
Eu fiz uma relação meio torta enquanto ia lendo, mas não pude evitar, entre o ensaio pessoal e um bom texto de standup, tipo do Seinfeld, ou do Rick Gervais, quando se discorre sobre um tema específico (numa piada mais alongada ou num especial). Grande texto de novo!
Olha, até que faz sentido! Gostei da associação. Obrigada pela leitura!
como uma pessoa que também teve uma vida escolar com méritos pela escrita, mas acabou fazendo carreira na área de exatas exatamente por uma questão de classe (não podia me dar ao luxo de estudar Letras ou Jornalismo e esperar longos anos até conseguir me bancar em profissões nessas áreas, fazer o networking necessário etc) eu te entendo. mas você percebe que chega uma hora em que o diletantismo te abandona? quando começa uma busca pela forma e o estudo vai se alargando e aprofundando, há um desejo de validação que excede o que a persona diletante pode bancar só com sua flanação e amadorismo. acho legal esse salto, observo isso rolando com pessoas ao redor e comigo mesma - não é à toa que fui para faculdade de novo, aos 31, para fazer o que não tive condições de fazer antes (lembrei da nossa colega Paula Maria agora rs)... no fim, quando a gente não tem educação formal na área que estamos dispostas a nos debruçar, a rede de contatos que vamos formando é a porta de entrada para o que queremos (acho que no seu caso é publicar um livro de ensaios, não? acho que vc já tá correndo atrás 😊).
vamos trilhando os caminhos em busca da forma e do conteúdo ❤️
Sabe que nesse processo eu até parei de mirar em coisas que não são o que na verdade já estou fazendo? Por exemplo, o livro que você mencionou. Publicar um livro é um marco pra todo mundo que escreve. Mas será que precisa ser esse o caminho pra todos? Com o ciclo bíblico, se eu quiser juntar tudo, no final vou ter um livro. Então eu tenho mirado em escrever o melhor ensaio que eu posso hoje, e o objetivo é sempre fazer (apenas?) um bom ensaio. Se depois der pra juntar tudo e publicar em livro, bacana. Se não der, os textos não deixam de existir e de terem sido lidos por mais gente do que eu poderia esperar quando lancei a newsletter. No mercado editorial brasileiro, no qual o livro de um autor estreante vende com sorte mil exemplares, já é uma honra e um incentivo enorme ser lida por milhares de pessoas aqui. Beijos!
verdade, inclusive acho bem saudável esse posicionamento.
e mirar um ensaio após o outro também dá um fôlego maior para curtir o que se está escrevendo. bem que vc faz!!
Ariela, obrigada por este abraço! Obrigada por escrever.
Se vc se sentiu abraçada, valeu a pena o texto :) feliz em saber!
obrigada por nomear as coisas que temos feito!
"O ensaio pessoal é uma forma diletante - você fala por amor e assume o risco do envolvimento. " - isso aqui, hein. que beleza demais!
Obrigada, Suellen!!! Sabe que te sigo no Goodreads faz um tempo e não tinha ligado os pontos que era você, a mesma pessoa da newsletter? Percebi esses dias!
Meniiina, te achei por lá! Nem imaginava! O Goodreads é a rede caótica que eu amo: dá pra seguir sem ser amigo, você vê a atividade de todo mundo ao mesmo tempo, uma loucura hahaha. ❤️
Ensaios pessoais. Seja lá qual o nome, são belos, profundos e incômodos, e eu gosto disso. Que edição linda Ariela!
Obrigada, Ana!
Eu sou culpada de obcecar um pouco com argumentos de autoridade, e no início punha culpa disso no meu trabalho. Hoje eu entendo que existe o hábito, mas maior mesmo era o medo de me expor no meio da argumentação. O formato ensaio parece mesmo que junta o pessoal e o intelectual, e isso é uma delicia! os seus entao nem se fala 💜
É difícil lidar com a exposição, né? A gente se expõe o todo tempo nas redes sociais, por exemplo, mas a exposição em texto de alguma forma é ainda mais aberta. Mas ajuda a pensar que a gente só precisa mostrar o que é importante pra ideia.
Ariela, amei o texto❤️
Obrigada pela leitura ❤️
Perfeita, Ariela! Me identifiquei muito e gostei muito das conclusões. Um beijo!
Obrigada, Lívia!! E obrigada por compartilhar ❤️ beijos
Nossa Ariela, como vc escreve bem!! Adorei o tema (e se eu for pensar em autoridade pra escrever sobre as coisas que leio/assisto/aprecio/ouço, a minha newsletter morre, porque autoridade eu não tenho sobre quase nada)
É a autoridade do romancista :)
Obrigada pela leitura e pelo elogio, Lalai!
Devo confessar que senti uma identificação imensa quando você descreveu resumidamente sua escolha por economia como graduação: no ensino fundamental e médio, recebi mais elogios nas minhas redações; mas, por eliminação, deixei de lado as Humanidades e escolhi... TI. E por muitos anos também ignorei as sedes físicas e virtuais das Humanindades, mas aí a semelhança termina, pois logo depois fiz uma segunda graduação, em Jornalismo, e agora estou aqui, trabalhando com comunicação e tentando emplacar minha própria newsletter e buscando me obrigar a fazer mais vezes a pergunta: é assim que se faz?
No mais, admiro bastante a sua busca pelo ensaio como uma forma de construção de uma voz literária e pessoal. Meus interesses ultimamente convergem com escritores que você mencionou: Didion, DFW, Ginzburg; mas também W. G. Sebald e escritores que se jogam de cabeça na ficção (afinal, não é pra menos que neste momento estou em meio às quase 1100 páginas de Contra o Dia, do Thomas Pynchon).
No final do ano passado eu fiz um curso que a Camila von Holdefer, crítica litéraria da Folha, ministrou sobre os encontros entre ficção e ensaio, e sigo pensando bastante no que ela falou, mesmo que ainda esteja devendo ler as obras comentadas.
Que legal que você foi pro Jornalismo depois! Toda vez que eu pensei em sair do que eu faço, eu avancei uma casa, então fico numa dinâmica de crise-e-avanço que, de uma mentira estranha, tem funcionado. Então moldei a escrita ao espaço que tenho, também uma vida híbrida.
Estou com W. G. Se bald no meu radar! E vou dar uma pesquisada na Camila von Holdefer. Obrigada pelas dicas!!
Eu li Austerlitz no ano passado e se tornou uma das minhas leituras favoritas da vida.
Quanto à Camila, não sei se ela vai dar outra edição desse curso; de qualquer forma, ela está no Instagram: https://www.instagram.com/camilavonholdefer/
Aí que perfeito ♡
Que ensaio! Eu sinto tão parecido aqui. A disciplina do mestrado que estou cursando tem como título “The art of the personal essay & memoir”. Estamos lendo uma antologia divina - com o mesmo título, organizada por Philipe Lopate. Da uma olhada - seguimos sem autores brasileiros, mas é uma educação em forma de livro ❤️
A Gaía Passarelli me recomendou o mesmo livro ontem! Vou comprar na certa! E ainda vi que o mesmo autor tem um outro livro sobre a técnica do ensaio pessoal. É arriscado ver essas coisas porque também descobri que ele é professor de não-ficção em Columbia. Já da uma coceira pra fazer uma dívida estudantil!
Hahahha eu imagino!!!! Vou atrás desse livro, tb fiquei curiosa. Na abertura da antologia, ele traz um belo ensaio sobre as características do ensaio pessoal, vc vai gostar!
Que texto, Ari!!!!!
Obrigada, Mari ❤️
Que texto encantador!
Perfeito.
Que edição 🖤 gostei muito muito muito
Que bom que gostou! Comecei a pensar mais nessas questões de forma depois que formamos aquele grupinho pra escrever ficção e eu não escrevi nada 🙈
Né?! Não é super minha praia tbm. Eu tenho ideias de contos e tal, mas o que me pega mesmo é crônica, ensaio 🖤