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Ana Carolina's avatar

Me lembrou uma entrevista que li de Nelson Rodrigues:

“Certa vez, um erudito resolveu fazer ironia comigo. Perguntou-me: ‘O que é que você leu?’. Respondi: ‘Dostoiévski’. Ele queria me atirar na cara os seus quarenta mil volumes. Insistiu: ‘Que mais?’. E eu: ‘Dostoiévski’. Teimou: ‘Só?’. Repeti: ‘Dostoiévski’. O sujeito, aturdido pelos seus quarenta mil volumes, não entendeu nada. Mas eis o que eu queria dizer: pode-se viver para um único livro de Dostoiévski. Ou uma única peça de Shakespeare. Ou um único poema não sei de quem. O mesmo livro é um na véspera e outro no dia seguinte. Pode haver um tédio na primeira leitura. Nada, porém, mais denso, mais fascinante, mais novo, mais abismal do que a releitura”.

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Carolina Ruhman Sandler's avatar

Nossa, que pancada esse texto. Eu me aflijo por querer ler sempre mais e mais - e o seu texto me fez lembrar que a leitura, assim como a escrita, não funcionam no ritmo do algoritmo. Obrigada por compartilhar, me fez bem demais ler isso!

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